sábado, 17 de setembro de 2011

Entrando em contato com contigencias aversivas.

                                                      Sem Surpresas


Dia de retornar a escrever post’s, porem hoje NESTE MOMENTO não irei analisar a situação, irei apenas descrever um evento de forma que seja transmitindo um repudio, mas este é sem alarme e sem surpresa, as instituições ( me refiro as pessoas que nelas trabalham ).
“Um coração que está cheio como um aterro
Um emprego que te mata lentamente
Feridas que não vão cicatrizar”

No início de 2009, E foi encontrada no território do Jabaquara pela primeira vez pela equipe. Nesta ocasião, E solicitou seus documentos, pois gostaria de regulamentá-los. Foi entregue um encaminhamento e foi orientada dos procedimentos. Como foi o primeiro contato, programaram para voltar ao local e iniciar um possível acompanhamento. Contudo, isso não foi mais possível, pois E não mais foi encontrada no local, nem nas imediações e nenhum munícipe obteve notícias dela.
“Você parece tão cansado e infeliz
Bote abaixo o governo
Eles não, eles não falam por nós
Eu vou levar uma vida tranqüila
Um aperto de mão de monóxido de carbono”

Logo em Março 2011, a equipe encontrou E novamente, agora na região da Saúde. Neste atendimento foi possível perceber indícios de algum transtorno mental, recusando qualquer tipo de ajuda, alegando ser andarilha e que está sendo perseguida pela Máfia.
“Sem alarmes e sem surpresas,
Sem alarmes e sem surpresas,
Sem alarmes e sem surpresas.
Silencioso silêncio”

Em abril de 2011, E estava na esquina do quarteirão da base e foi atendida por um educador, ao qual possui bastante manejo em atendimentos de casos de saúde mental. Nesta ocasião, o educador compreendeu os caminhos que perpassam a questão da perseguição da Máfia e buscou uma aproximação maior. Sem muito sucesso de um possível encaminhamento, E.R foi orientada da natureza do nosso trabalho, agradeceu e quis embora, preocupada com a possível perseguição a ela.
Este é o meu último ataque, Minha última dor de barriga
No início de agosto, a Base recebeu uma solicitação de uma senhora com possível transtorno mental na região do Jabaquara. Após recebermos o conteúdo desse atendimento, foi possível identificar que era a E.R. Logo no dia seguinte, o educador que a acompanhava foi procurá-la na região para tentar um atendimento mais efetivo, diante da complexidade do caso, bem como da dificuldade de encontrá-la em algum ponto fixo.
Neste atendimento, o educador encontrou E.R ainda na região do Jabaquara, porém em outra rua. Neste atendimento, o educador conseguiu entrar na dinâmica de E.R fazendo um contraponto do último atendimento (o que foi crucial para a conquista da confiança dela), já que acreditava que todos poderiam fazer parte da “Máfia”. A partir daí, foi possível fazer o encaminhamento a unidade de saúde para um pronto atendimento de E.R, dando entrada em sua internação no dia 04/agosto/2011.
“Sem alarmes e sem surpresas,
Sem alarmes e sem surpresas,
Sem alarmes e sem surpresas, por favor”

Com os dados fornecidos por E.R nos últimos atendimentos, foi possível fazer um levantamento de informações pertinentes, tais como o nome da mãe e de familiares. Diante de tal pesquisa, foi levantada também uma queixa do desaparecimento de E.R no setor de Desaparecidos da Polícia do Estado de São Paulo. Conseguimos o telefone de contato de N.R e a convidamos para que pudéssemos conversar sobre a situação de E.R e possivelmente realizar uma reinserção familiar.
“Assim como uma linda casa”
No dia 15 de agosto, N.R compareceu à base. Nesta ocasião, nos contou sobre sua história, bem como fatos importantes da vida de E.R. Diante de destes fatos, foi possível compreender ainda mais o conteúdo do discurso de E.R. Uma história bastante complicada no que diz respeito à relação com sua mãe (que foi possivelmente o principal motivo de estar em situação de rua). Uma infância marcada por violência tanto de cunho sexual quanto psicológica, N.R apresentou o estado atual de sua mãe, ao qual é bastante parecido com o de E.R.
“Assim como um lindo jardim”

Após receber a notícia do Philippe Pinel (Pirituba) que E.R foi diagnosticada “sem cura”, N.R vem tentando solicitar ajuda para sua irmã não voltar mais para a rua. Apresentou sua dificuldade financeira em relação ao abrigamento de E.R em sua residência e isso tem sido o principal motivo de ter procurado apoio novamente com a base. Compreendemos que, além do comprometimento financeiro, N.R não se encontra em condições emocionais favoráveis para servir de alicerce nas condições que E.R se encontra.
“Sem alarmes e sem surpresas, (tire-me daqui)
Sem alarmes e sem surpresas, (tire-me daqui)
Sem alarmes e sem surpresas, por favor (tire-me...)”

ate aqui são...


Alien Saudoso Subterrâneo

Agora movido ao álcool!!!! ( sem lembranças de datas e a pontuação fica por conta do Word )
Ate aqui  tudo bem.
A fragrância da manhã
Eu continuo esquecendo
O odor do ar quente de verão

Recebemos a informação de N.R que E.R não tem cura, ( segundo os psiquiatras da unidade) e assim sendo deveria ir para casa. N.R ficou desesperada. Ligou para nos entramos em contato com o hospital e a única opção que recebemos foi “ tirem ela daqui” , ok ate ai eu respeito e admiro, não sou a favor de institucionalizar ninguém, mas só pedimos um  tempo de uma semana para fazer com que a reinserção acontecesse de maneira menos autoritária preparando a família para o acolhimento. Mas isto foi negado e recebemos um prazo de 12 horas para resolver uma questão de uma vida.
Vivo em uma cidade
Onde não se pode cheirar nada
Você observa seus pés
Pelas fendas da calçada

O hospital ( psicólogos, assistentes sociais e psiquiatras ) iria entram junto com o ministério publico contra N.R por abandono de incapaz caso não ficasse com a Irma, ok tudo bem, mas vejam a situação.
Bem a cima,
Aliens pairando
Fazendo filmes caseiros
Para suas famílias em casa

Entramos em contado com o conselho do idoso, e nossa duvida foi esclarecida N.R não pode ser acusado pois e idosa também, e o filho mais velho esta envolvido com álcool, o mais novo com drogas e a filha com depressão. Em momento nenhum N.R recusou receber a Irma, mas frisou sua situação momentânea ( a qual estamos resolvendo através dos benefícios de direito).
Sobre todas essas criaturas estranhas
Que trancam seus espíritos,
Perfuram buracos em si mesmos
E vivem para seus segredos

Ok N.R mora em um cômodo, atualmente com dificuldades para obter ate alimentação. Isto tudo confirmado por nossa assistente social que foi ate o local.
Eles estão todos tensos, tensos
Tensos, tensos

Entramos em contato com o CAPS para terapia ocupacional tudo estava ok .
Eu gostaria que eles descessem em meu caminho
Tarde da noite quando estou dirigindo
Embarcassem-me em sua linda nave
E me mostrassem o mundo como eu gostaria de vê-lo

Mas antes do prazo terminar recebemos a informação de N.R que a ambulância do hospital levou E.R sem prévio aviso, ( entregaram como uma correspondência de cobrança sem alarmes e sem surpresa), e isto com a ordem do conselho do idoso.
Contaria a todos os meus amigos
Mas eles nunca acreditariam em mim
Pensariam que eu finalmente enloqueci completamente

Minha indignação e a seguinte e creio que não será bem clara aqui, vou colocá-las como tópicos ou perguntas :
Eu mostraria-lhes as estrelas
E o sentido da vida
Eles me trancafiariam longe
Mas eu estaria bem
Bem

·         Nenhum profissional do hospital se interessou sobre o histórico de vida  de E.R.
·         Não observaram as condições da família.
·         A quem eles servem de fato?
·         E.R foi para ruas por questões de conflitos em casa.
·         O que e cura?
·         O que não tem cura?
·         O hospital esta preparado para a demanda?
·         Minha base esta preparada para a demanda?
·         O conselho do idoso esta preparado?
·         Somos só números para o governo?
·         Quais as opções que temos em saúde mental?
·         Isto e um problema social e por isto a saúde deve se ausentar?
·         Quais as políticas publicas poderiam ser criadas?
·         Estamos nos formando ou formados para reproduzir o mesmo modelo?
Estou apenas tenso, tenso
Tenso, tenso



Por fim o modelo atual e falho em todas as secretarias, saúde, social, habitação, educação e afins, este é um caso dos milhares, e este é o nosso contexto, o mudo como ele esta e que talvez podemos mudar. Mas estou tenso, estou bêbado, e continuarei este post e como a situação de N,R e E.R será trabalhada.  
Estou apenas bêbado